Bloco K Otimizado – Elemento Estruturante 2: Lista de Materiais

Vamos falar hoje da Lista de Materiais (Bill of Materials – BOM). Na horizontal, a sigla BOM traz uma mensagem positiva, e na vertical, ao ser transformada numa acrostico, numa mensagem poética.

Se existe um documento importante nas empresas manufatureiras, este documento é a Lista de Materiais. Isso porque a lista de materiais flui por quase todos os departamentos da companhia, desde a Fase de Orçamento, passando pela Engenharia do Produto, Engenharia Industrial, Engenharia da Qualidade, PCP, Suprimentos, Produção, Almoxarifado, Custos, Expedição, entre outros.

Como tem um fluxo longitudinal e é utilizada por muitos departamentos em suas atividades diárias e transacionais, a lista de materiais é um elemento chave para simplificar os processos de negócios e promover integração direta entre essas funções de negócio complementares.

A Lista de Materiais é uma lista que identifica e descreve todos os componentes – matérias-primas, subcomponentes, componentes, subconjuntos e conjuntos intermediários, necessários para fabricar um Produto Acabado. Estão descritos nesta lista de materiais multinível: nível estrutural (Pai – Filho), código da peça, descrição resumida do item, quantidade, unidade de medida.

A lista de materiais é elaborada pela Engenharia do Produto, sendo denominada de e-BOM, ou seja, Engineering Bill of Material, representando o modo pelo qual o produto foi projetado, oriundo de software CAD, como AutoDesk Inventor, Solid Works, AutoCAD, Catia PLM.

Geralmente não são considerados aspectos referentes à vendas, planejamento, fabricação, custo, expedição do produto. Prevalece a ótica de necessidade do departamento de projeto baseado em Engenharia Reversa, e formação de conjuntos, subconjuntos e peças.

Ocorre que na grande maioria das empresas, a lista de materiais é do tipo explosiva, apresentam muitos níveis horizontais e verticais. Já trabalhei em empresas de bens de capital, cuja lista de materiais apresentavam mais de 10 níveis estruturais – como em fornos industriais – e mais de 30 mil linhas na lista- como em caldeiras de geração. Fato correlato acorre com aviões, máquinas operatrizes, máquinas agroindustriais, implementos agrícolas, etc.

Quando essa lista de materiais é cadastrada nos ERPs, e posteriormente feito a explosão do MRP (Material Requirements Planning), são abertas uma enorme quantidade de Ordem de Produção (OPs), com geralmente uma operação fabril, e com esta operação apresentando pequeno tempo de processamento.

Esse fato traz grande dificuldade, complexidade e custos para as tarefas de liberação (dispatching) das ordens de produção, programação da produção e principalmente no apontamento da produção e movimentação de materiais no chão de fábrica.

Não é nada operacional, efetuar-se o apontamento de tempos e evolução do material no tempo, quando se encontra esse cenário: elevada quantidade de Ordens de Produção, poucas operações na Ordem de Produção, tempo diminuto por operação, apontamento semiautomático ou manual, alta frequência de abertura e encerramento de operações, entre outros. Impossível ter-se um apontamento adequado, eficiente e fidedigno.

A solução é ter outras visões da Lista de Materiais. Deve-se transformar a visão inicial e mandatória da E-BOM. É necessário ter a visão da Lista de Materiais de Manufatura (M-BOM), da Lista de Materiais de Planejamento, da Lista de Materiais de Expedição, Lista de Materiais de Custo, etc.

Deste modo, na Lista de Materiais de Manufatura (M-BOM), por exemplo, é possível reduzir significativamente o número de ordens de produção, utilizando-se de agrupamento e legendamento:

  • Agrupamento por tipo de material e desenvolvimento de lista de corte;
  • Agrupamento por tipo de material e desenvolvimento de lista de dobra;
  • Agrupamento para processos de pintura, tratamento térmico e tratamento superficial.
  • Legendamento de itens fantasmas (phanton item), notadamente em subconjuntos de nível 1 e de nível 2 no processo de caldeiraria e montagem

Assim, ao desenvolver múltiplas visões da lista de materiais, balizada pela lista de materiais da engenharia (dona do produto), e contemplando características do produto, do processo de fabricação, do parque fabril, do layout e necessidade de informações para atender os requisitos organizacionais da companhia, é possível simplificar o modelo de gestão de operações.

Além de atender as exigências do Bloco K, compulsoriamente fixada pelo Fisco, estes novos formatos de saída da lista de materiais, tornam factível a utilização plena de outros elementos estruturantes como roteiro de fabricação, baixa de material, inventário, e apontamento da produção.

Nos próximos artigos abordaremos estes pontos.

Josadak Marçola

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